Isabelle acordou sentindo a cabeça pesada... Sentia uma sensação estranha como se estivesse oscilando. Seria possível que se embriagara na festa de casamento? Mas não se lembrava de ter chegado lá. Tudo estava muito nebuloso... Havia retornado a igreja para pegar o leque e depois de atravessar um beco escuro não se lembrava de mais nada.
Sentindo que era observada, sentou-se
na cama e ficou estupefata... Ali bem na
sua frente estava um...um... bem, se um deus grego existisse seria como aquele
homem parado a sua frente.
Deixando o olhar percorre de cima a
baixo pelo corpo escultural, não pode deixar de notar aquelas pernas musculosas
moldadas pelas calças escandalosamente apertadas. Aqueles cabelos um pouco mais
compridos do que ditava a moda e a boca... Uma boca muito sensual. E havia os
olhos...olhos que emanavam um brilho perigoso... Ai como queria ser acordada e
se perder naquele olhar. Certamente estava sonhando. Piscou os olhos e sacudiu
a cabeça. Mas ele continuava ali.
__Vejo que acordou milady.
“Nooooooosssa que voz sensual”, pensou
Isabelle, enquanto sentia-se arrepiar todinha. “Parece uma caricia aveludada.”
__Bom, suponho que sim. E poderia me
dizer quem é o senhor?
__Sou Sebastian Di Romanzi, Conde de
Passions.
“Sim”, pensou Isabelle. “Di Romanzi...
Romanzis ardentes sob o sol do deserto, paixões escaldantes e escandalosas.”
De repente, saindo do devaneio
estremeceu. “Céus, onde estava coma
cabeça para pensar tais coisas? Bom, certamente que aquele corpo sensual
a sua frente nada tinha a ver com isso”
__E milady, quem é?
__Sou
lady Isabelle Rivenhall D’Bochelli.
“Isabele”, pensou Sebastian. “Bella.
Certamente muito bella”
__Milorde se importaria de esclarecer
o que faz em meus aposentos? Creio que concordará comigo que é algo muito
escandaloso de sua parte.
__Não estou em seus aposentos. Esta é
uma cabine do “Piú Bella Cosa”.
__Quem?
__Não quem; mas o que. Piú Bella cosa
é um navio.
__ È um nome estranho.
__Significa “coisa mais bela”, em
minha língua materna.
“Oh céus, aquela era hora dele falar
em língua? Não estava interessada na língua materna dele, e sim na língua
interna dele em sua boca...”
__O-o que disse mesmo?
__Estamos em meu navio, navegando para
a França.
__França? __gritou Isabelle,
erguendo-se da cama. __Desculpe mas não pretendo viajar nesse navio com
milorde.
__E o que pretende fazer para me
impedir?
__Gritar?__ retrucou ela.
O riso de Sebastian deixou Isabelle
mais uma vez arrepiada. Ele ficava lindo quando sorria.
__Não adianta gritar, milady. Ninguém
a socorrerá por aqui. Este navio é meu, lembra-se?
__Por que me trouxe aqui?
__Pode não acreditar, mas tudo não
passou de um mal-entendido. Quem deveria estar aqui era lady Carolyn Fouché e
não milady. Mas meus homens acabaram por confundi-la com ela.
“Oh que afronta!!!”, pensou Isabelle.
Confundiram-na com aquela lambisgóia de nariz arrebitado. Hunf!
__Quero que me leve de volta! Agora.
__Não podemos voltar. Pelo menos por
enquanto...
__Mas... mas isso é um desatino! Olhe
eu não conto a ninguém que me raptou, se me deixar ir embora.
__Infelizmente isso não é possível
milady. Olhe devo me ausentar e providenciar algo para milady comer, sim? __
falou o belo conde e saiu deixando Isabelle com seus pensamentos turbulentos.
Não! Não! Não! Não!! Aquilo não era
real.
Não podia ser real. Estava indo para a
festa de casamento de sua amiga. Não podia estar num navio rumo a França, com
aquele pedaço de mau caminho que era seu raptor.
Estava bêbada! Era isso! Certamente
lorde Adoulfos estava ao seu lado e ela bebeu taças e mais taças de champanhe e
se embriagou. E agora estava tendo aquele louco devaneio com aquele deus grego,
que na verdade era italiano, e muito sexy e queria... Oh, céus, queria como a Dannielle fazer
estudos minuciosos e testes práticos com ele. Queria estudar línguas com
ele...bem, na verdade seria um estudo
bilateral e biológico.
Estava perdida! Aquele projeto sensual
de pirata iria ser sua perdição!
Enquanto isso, não muito longe dali...
Bem, não havia como impor distancia em
um navio, não?
Sebastian andava de um lado para o
outro no convés do navio. E pelo jeito iria fazer um buraco no piso!
Dio mio!! Que bela mulher!! E agora? O
que faria? Não poderia voltar para Inglaterra e devolve-la! A uma altura dessas
todos já deveriam estar a procura dela. E o pior! Comprometera a reputação de
uma lady ao seqüestrá-la e viajar com ela numa carruagem e agora num navio.
E aquela mulher mexia com ele... muito
mais do que ele gostaria. Aquela mulher era perigosa e deveria ficar longe
dela. Mas o navio não era tão grande assim! Estava em maus lençóis.
Depois de quase furar o piso do navio,
dirigiu-se a cozinha para providenciar algo para a lady.
Tempos depois, Seb retornou a cabine
trazendo uma refeição para Isabelle. Ela levantou-se da cama imediatamente ao
vê-lo entrar.
Andara sem parar numa tentativa
frustrada de exploração do aposento em que se encontrava presa a contra gosto.
__Exijo que me leve de volta!
__Milady, sinto muito, mas não poso
fazer isso.
__Como não? Nem mesmo sou a pessoa que
queria raptar!! Deixe-me no porto mais próximo e voltarei sozinha.
__Não posso abandoná-la num porto
qualquer. È uma mulher indefesa e delicada!! Não seria cavalheiresco!
__Seu senso de cavalheirismo é um
tanto distorcido, não?
__Olhe..._ Seb respirou fundo, pois já
estava começando a se aborrecer.__È uma mulher! E não pode viajar sozinha de
volta para a Inglaterra!!
__Mas posso viajar consigo e seus
homens para a França?
__Por Deus, mulher!! Quer parar de
contestar tudo o que digo? Sou o capitão aqui e... Faço o que quero! Eu dou as
ordens!
__Mas não manda em mim!! Ouviu bem?
__Isabelle aumentou o tom.__Não vou ficar aqui sentada enquanto sou raptada e
aprisionada.
__Não é uma prisioneira milady. Pode
ir aonde quiser no navio, desde que não vá sem a devida companhia! Tenho uma
tripulação exclusivamente masculina, portanto....
__Está dizendo que serei violada?
__Isabelle interrompeu Seb com olhos arregalados. _È isso?
__Não! __Sebastian sentia vontade de
puxar os cabelos! Aquela mulher iria enlouquecê-lo e deixá-lo careca!__Claro
que não! Ninguém aqui lhe fará mal. Apenas não deve perambular por ai sozinha.
__Eu não perambulo, milorde. Sou uma
lady. Ladies não perambulam. Elas caminham graciosamente.
__Que seja. Olha aqui tem algo pra
comer. Se me der licença, tenho algumas coisas a fazer.
__E eu?
__O que tem?
__O que farei?
__Ah, as coisas que vocês mulheres
sempre fazem!
__Como o quê? Compras? Visitas? Ir ao
parque cavalgar? Em um navio? Como realizo essa proeza milorde?
__Olhe milady... Isabelle. Posso
chamá-la de Isabelle?
__Não vejo porque não, já que sou sua
prisioneira!
__Prisioneira não. Hóspede! È uma
hóspede!! E muito encrenqueira, diga-se de passagem.
__Encrenqueira? Eu? Saiba que sou uma
dama bem nascida e...
__Olhe!! Chega!! Não quero brigar com
você!
__Não? E o que quer fazer?
Céus, ela precisava perguntar isso?
“Quero fazer amor com você, bella”,
pensou Seb. Mas é claro, não iria verbalizar aquilo. Iria escandalizar a lady.
__Olha... milady... Isabelle, vou
voltar para meus afazeres. Se quiser alguma coisa...
__Na verdade quero!__ Isabelle
apressou-se em dizer antes que aquele pirata ranzinza fosse embora.
__Sim?
__Preciso tomar um banho. Sinto como
se toda a sujeira do Tamisa estivesse
grudada em mim.
Sebastian foi assaltado por imagens de Isabelle nua e
molhada com a água do banho... pequenas gotículas deslizando pelo corpo
voluptuoso, e sentiu uma ardência incomoda na virilha. Estava abobalhado,
fitando a bela lady enquanto sua excitação crescia vertiginosamente, aumentando
seu desconforto naquelas calças apertadas.
Será que os alfaiates não pensavam que
um homem uma hora ou outra poderia ficar excitado e aquelas calças eram como a
capa insignificante para um instrumento de atentado ao pudor?
Nunca conseguiria esconder o tamanho
de sua... bem, sua animação com aquela roupa colada. Melhor bater em retirada. Apressou-se para a
porta.
__Milorde?
__Sim?_ ele respondeu enquanto
alcançava o trinco da porta e sem se virar.
__E o meu banho?
__Vou providenciar.
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